Apostas online: promessa de ganhos rápidos, risco de perdas reais

Jogos de sorte ou de azar existem há muitas décadas. Nos últimos anos, no entanto, vimos uma explosão das apostas online, as chamadas bets, impulsionadas por aplicativos fáceis de usar e campanhas publicitárias agressivas, muitas delas estreladas por influenciadores e celebridades.

Atualmente, 96 empresas operam 210 sites de apostas no Brasil. O cenário está em processo de regulamentação, e só poderão continuar no mercado aquelas que cumprirem as novas exigências legais a partir de 2025. Para funcionar legalmente, essas empresas precisarão pagar R$ 30 milhões em licença e seguir regras rígidas de combate à lavagem de dinheiro, fraudes e publicidade abusiva.

A dinâmica é quase sempre a mesma: o usuário deposita um valor inicial, costuma ter ganhos nas primeiras rodadas, e, quando se sente confiante, começa a perder. Isso faz parte de um modelo que estimula a permanência e, muitas vezes, o vício. A Organização Mundial da Saúde estima que cerca de 1% da população brasileira já apresenta comportamento compulsivo com jogos de azar.

Buscando uma renda extra ou tentando sair do vermelho, muita gente tem recorrido às bets. Mas os dados revelam um alerta: só em agosto de 2024, beneficiários do Bolsa Família transferiram R$ 3 bilhões para casas de apostas por Pix, o que representa 21% de todo o recurso distribuído pelo programa naquele mês. Uma pesquisa do PoderData mostrou que 30% dos beneficiários já apostaram online, e 26% deles contraíram dívidas por causa disso.

Esses números mostram que as apostas têm atingido principalmente as classes mais vulneráveis, que enxergam nelas uma possível saída para suas dificuldades financeiras, e acabam caindo em um ciclo de perdas ainda maiores. Por isso, o governo estuda formas de impedir que recursos de programas sociais sejam usados para esse fim.

É fundamental ficar atento aos sinais. Uma distração pode virar um pesadelo financeiro. Nunca tome apostas como parte de um plano para enriquecer ou organizar sua vida financeira. O risco de prejuízo é sempre maior que a promessa de lucro.

Compartilhe este conteúdo com quem pode estar entrando nesse universo, ou pensando em começar. Informação também é uma forma de proteção.